segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A luta da juventude de Cotia


A desigualdade social no Brasil, que condena milhões de pessoas à pobreza e à miséria, condena também nossa juventude das periferias a um presente sem oportunidades e um futuro sem perspectivas. Nossos jovens são assim convidados por livre e espontânea pressão ao mundo crime.

A juventude grita diante disso o que ela deseja: futuro. Melhor, presente. Não se trata, como muitos colocam, de apenas um salário no fim do mês, de um emprego, de uma qualificação. Muitos afirmam ser necessário levá-los à indústria, fornecer-lhes cursos profissionalizantes e técnicos. Inseri-los no mercado. Porém, essa saída não é satisfatória para muitos, que preferem a criminalidade. Por desvio de caráter? Não. Eles estão simplesmente dizendo que não aceitam o subemprego que lhes está sendo ofertado, que não estão dispostos a se tornar mais uma peça na engrenagem da maquinaria do sistema que enriquece um grupo privilegiado. Estão dizendo que querem mais que isso.

A esses jovens, o caminho de ascensão social tradicional, pela educação, está fechado. O vestibular, filtro social que elege aqueles abastados que puderam pagar escolas caras e cursinhos, termina o trabalho sujo iniciado por nosso ensino básico, de qualidade lastimável. A eles, sobram as vias alternativas: a música, o esporte (principalmente o futebol) e, claro, o crime. Ao se deparar com crianças e adolescentes já criminosos, nossa sociedade procura um culpado que não seja ela própria, e no fim, a culpa recai sobre a própria e maior vítima de tudo isso. Mas quem colocou a arma nas mãos dos nossos jovens foi à própria sociedade. E ela foi além. Colocou a arma, forçou-os a segurar e apertou o gatilho. Pune-se, depois, aquele que foi empurrado pelas forças sociais que o cercavam a um caminho que ele jamais teve condições de escolher. 



Diante desse quadro vergonhoso e deplorável, deparamo-nos com discursos que avaliam a redução da maioridade penal, para punir os jovens que cometem crimes. A isso fica a pergunta: E a violência que esse jovem sofre? Sofre fisicamente da polícia, que mata em série na calada dos becos. Sofre da sociedade, ao ver-se cercado de barreiras intransponíveis, pela total ausência de perspectiva e oportunidade.


A polícia não representa outra coisa senão o braço armado dos opressores, da elite. Além de
reprimir os movimentos sociais de contestação, é a juventude pobre seu maior alvo. O Estado, ao invés de levar dignidade e qualidade de vida aos oprimidos nos morros, leva sua própria opressão, sob o discurso da pacificação. Contudo, embora nos amordace e nos cale, suas mãos não são suficientes para abafar nosso grito de basta. Grito que é dado pelos jovens que se mobilizam contra o descaso do poder público com a educação no Brasil. Grito que é dado, ainda que seja constantemente ignorado, por nossos jovens nas periferias. É necessário, porém, que avancemos em nossas lutas, que possamos erguer nosso coro e gritar até o último milímetro cúbico de ar de nossos pulmões: basta.

A candidatura de Wesllen a vereador de Cotia é nosso “basta”. Basta dessa política feita para os ricos, que privilegia as grandes empresas que financiam os políticos em suas campanhas ou lhes dão sua gorjeta, quando não são eles próprios os grandes empresários. Basta de descaso com a juventude, ignorada e humilhada, sem acesso à educação e cultura. É um candidato que traz, em suas propostas, as demandas da juventude pobre e ignorada. Wesllen é mais que um simples candidato a vereador, é mais uma porta que se abre a mudança, porta essa que devemos ajudar a empurrar não só pelo voto.



A mudança que podemos esperar do futuro, é a mudança que ajudamos a construir hoje. Não é suficiente votarmos em algum candidato e entregarmos a ele toda responsabilidade pela transformação. Por isso, é importante que a juventude em qualquer canto do Brasil e do Mundo se conscientize sobre sua escolha nas urnas, mas não se subtraia de seu compromisso pessoal com as causas e lutas sociais. Não podemos “terceirizar” esse nosso dever pelo voto. Mas, se a mudança não vem apenas pela escolha que fazemos diante das urnas, elegendo quem nos representará, ela vem também delas. Nosso companheiro Wesllen deve ser a escolha da juventude cotiense. Será a voz dos jovens discriminados por sua origem e classe social que ressoará nos ouvidos daqueles que até então fazem de tudo para não ouvi-la. Pela mudança, que se constrói na luta cotidiana, mas também nas eleições,

Jovens do mundo inteiro, uni-vos!

Rafael Dias Scarelli
Estudante de História da USP, militante da Juventude LibRe

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